Caracterização de Ambientes

AMBIENTES DULCIAQÜÍCOLAS

Os ambientes de água doce são basicamente de dois tipos: rios ( ambientes lóticos ) e lagos ( ambientes lênticos ). Embora no Brasil predominem sistemas fluviais, existem outros tipos de ambientes dulciaqüícolas, tais como: lagoas, riachos, açudes, brejos, áreas alagáveis, fitotelmos (água acumulada nas bainhas das plantas - muito comum em bromélias).

Lagos são corpos d’água sem comunicação direta com o mar e têm, em geral, baixo teor de íons dissolvidos. Considera-se lagoas aqueles corpos de água rasos nos quais a radiação solar pode alcançar o sedimento. Os rios são sistemas abertos, com um fluxo contínuo da nascente até a foz. Pode-se dizer que riachos são rios pouco profundos e/ou de pouca largura.

Tanto rios quanto lagos variam na sua composição bioquímica, na forma e na área que ocupam devido, principalmente, à origem de sua formação e aos elementos do ciclo hidrológico (por exemplo, evaporação e precipitação). A lagoa do Abaeté (Salvador-Bahia-Brasil), por exemplo, representa um lago formado pela atividade do vento sobre dunas que, ao se acomodarem em um novo local, represam pequenos córregos e os transforma em lagos.

Nas lagoas próximas ao litoral, a composição química da água é influenciada pelas precipitações marinhas, carregadas de íons oriundos da evaporação dos oceanos. Desse modo, lagos costeiros apresentam concentrações maiores de íons Na+ , Mg + 2 e Cl- em relação aos lagos interiores. Mais rico ainda em sais são os lagos litorâneos se recebem aporte de água do mar nos períodos de altas marés.

Nas regiões áridas ou semi-áridas são muito comuns os lagos de água salobra (salina) graças à predominância da evaporação sobre a precipitação e/ou à ascensão da água subterrânea por capilaridade, com conseqüente liberação de sais na superfície do solo.

Logicamente a forma e a composição química dos lagos determinarão o tipo de comunidade biológica capaz de viver ali. Como os processos naturais dificilmente acontecem em um único sentido, também a comunidade biótica é responsável pelo aspecto e pela composição dos lagos.

A comunidade de plantas e animais de um lago pode, basicamente, ser dividida em duas zonas, embora não respeite limites precisos. Na zona fótica, região mais superficial da coluna d’água e onde existe luz suficiente para a fotossíntese, predominam o fitoplâncton (algas microscópicas e cianobactérias) e o zooplâncton (protozoários, rotíferos e microcrustáceos). A região litorânea (região rasa dentro da zona fótica, próxima da margem e de declive suave) é a que apresenta a comunidade mais diversa. Na região litorânea vivem , dentre outro grupos, moluscos, crustáceos, insetos, peixes, anfíbios e até répteis. Na zona afótica, mais profunda e onde pouca ou nenhuma luz penetra, predominam os organismos decompositores (bactérias e fungos).

Enquanto nos lagos existe uma estratificação vertical, nos rios ocorre uma estratificação horizontal. Os rios apresentam duas regiões diferenciáveis: a ritral - correspondente ao curso superior ou da montanha, e a potamal - curso inferior ou da planície. Na região ritral a correnteza é rápida , enquanto na região potamal a velocidade é baixa.

F015y.jpg (13131 bytes)Graças à declividade dos rios e à velocidade das águas, o balanço de substâncias e a comunidade de rios e riachos diferem substancialmente daquelas de lagos e lagoas. Assim, rios com forte correnteza não mantém comunidades densas de fitoplâncton porque estes organismos são levados pelo fluxo da água e várias espécies de insetos vivem sob rochas para se proteger do embate direto da água.

Açudes, represas e reservatórios constituem as várias denominações para um lago artificial. Esses lagos artificiais são formados pelo represamento dos rios para atender objetivos diversos como, por exemplo, abastecimento de água, obtenção de energia elétrica, irrigação e recreação. Um dos problemas resultantes desses represamentos é a alteração no ciclo reprodutivo de peixes, principalmente daqueles que sobem os rios, em direção à nascente, para desovar. Algumas represas já possuem escadas laterais para que os peixes possam vencer a barragem. Entretanto, a maior alteração causada pelo homem nos ambientes de água doce chama-se eutrofização.

A eutrofização pode ser definida como um desequilíbrio na concentração de nutrientes que se estabelece quando a entrada é maior que a saída. Como resultado, há um aumento do fitoplâncton (algas microscópicas que se alimentam desses nutrientes) e dos organismos que se alimentam dessas algas. Águas pobres em nutrientes (ambientes oligotróficos) podem sofrer uma eutrofização natural e se tornarem ricos em nutrientes (ambientes eutróficos). A eutrofização natural é um processo lento, contínuo, que geralmente alcança um equilíbrio. Contudo, a eutrofização artificial, causada pelo homem através de resíduos domésticos, industriais e de fertilizantes provenientes dos pastos ou lavouras, é rápida e altera o equilíbrio dos ecossistemas dulciaqüícolas: o aumento de nutrientes causa um crescimento exagerado do fitoplâncton. Esse crescimento leva a um aumento da concentração de oxigênio durante o dia mas há uma queda brusca durante a noite (lembre que à noite os vegetais respiram). A matéria orgânica acumula-se quando os organismos morrem e, conseqüentemente, o metabolismo dos decompositores consome muito mais oxigênio, tornando impossível a vida de organismos adaptados a um teor maior de oxigênio.

Computação Gráfica: Ricardo Bertol Leturiondo

Débora Preza
E-mail: preza@ufba.br

|| Página Inicial | Ambientes MarinhosAmbientes Estuarinos e Manguezais | Ambientes Terrestres |
Ambientes Biológicos | Exemplos Regionais de Animais ||