EXEMPLO REGIONAL: Pennaria disticha (Goldfuss, 1820)

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POSIÇÃO SISTEMÁTICA: (segundo Bouillon, 1985 )

  • Filo: Cnidaria
  • Classe: Hydrozoa
  • Subclasse: Athecatae
  • Ordem: Capitata
  • Família: Pennariidae
  • Gênero: Pennaria
  • Espécie: Pennaria disticha
  • Sinonímia: Pennaria tiarella, Halocordyle disticha
  • Autor da espécie e ano da descrição: Goldfuss, 1820

HÁBITAT/MODO DE VIDA:
Os hidrozoários são os únicos cnidários com representantes em ambientes dulciaqüícolas, como as hidras, organismos solitários e comuns em águas continentais do globo, com exceção da Antartida. Formam colônias ou vivem solitariamente. Devido ao tamanho geralmente reduzido, são desconhecidos da maioria das pessoas. Uma exceção é o coral-de-fogo (Millepora spp.), que forma colônias calcárias grandes e maciças, comuns em regiões coralinas do litoral do Brasil, mas que podem ser confundidas com os corais verdadeiros (classe Anthozoa).
Pennaria disticha é uma espécie marinha, freqüentemente encontrada presa sobre costões rochosos e recifes de corais de águas rasas, em locais protegidos ou expostos à energia das ondas. Pode ocorrer também em estuários, sobre as raízes aéreas do mangue vermelho (Rhizophora mangle), em lagos de águas muito salgadas (lagunas) ou em fundos areno-lodosos.

ASPECTOS MORFOLÓGICOS:
Os Cnidários possuem tamanho que varia desde microscópicos até centenas de centímetros. Têm duas formas básicas: o pólipo, que vive fixo ao fundo, e a medusa (popularmente conhecida como água-viva), que nada livremente. O pólipo tem forma de um tronco cilíndrico, com extremidade inferior fixa e fechada, enquanto a superior apresenta uma boca, rodeada por uma ou mais fileiras de tentáculos. A medusa é gelatinosa e mole, tendo a forma de guarda-chuva aberto ou de prato (umbrela), cujo bordo é geralmente circundado por tentáculos filamentosos; a boca fica na extremidade de uma estrutura alongada (manúbrio) situada onde estaria o cabo deste "guarda-chuva". Como todos os Cnidários, os hidrozoários possuem estruturas microscópicas urticantes em seus corpos, os nematocistos, especialmente nos tentáculos. Embora a maioria seja inofensiva para o ser humano, várias espécies são perigosas (principalmente medusas de Scyphozoa), devendo ser evitadas, como a caravela (Physalia sp.) e o coral-de-fogo (Millepora spp.).
A colônia (conjunto de pólipos) de Pennaria disticha pode ter duas formas básicas: (a) pinada (em forma de pena), com até 10 cm de altura e ramificações em um único plano, comum no infralitoral raso, fixa sobre rochas ou outros substratos duros, e (b) arbustiva, com ramificações em muitos planos e que vive sobre substrato inconsolidado, como fundos arenosos e lodosos. Existem fenótipos intermediários e a variação no tamanho da colônia, tipo e arranjo das ramificações, possivelmente tem relação com o hidrodinamismo do local colonizado.

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA:
Mundial: habita regiões tropicais do Globo, penetrando em águas subtropicais e temperadas. No Brasil foi observada no Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Ilha da Trindade e Pernambuco, mas é provável que se distribua ao longo de praticamente toda a costa brasileira.
No Estado: Na Bahia há registro de ocorrência no litoral norte.

HÁBITOS ALIMENTARES:
Comum a todos os cnidários hidrozoários: carnívoro, alimenta-se, geralmente, de pequenos crustáceos, protozoários e outros pequenos organismos do plâncton.

REPRODUÇÃO:
Os pólipos dos hidrozoários marinhos reproduzem-se assexuadamente por brotamento, dando origem a novos pólipos ou a medusas. Estas se multiplicam por via sexuada, produzindo gametas (óvulos e espermatozóides), que são geralmente liberados na água. A maioria tem sexo distinto (dióicas), isto é, cada medusa produz ou óvulos ou espermatozóides. À fecundação do óvulo segue-se a formação de uma larva ciliada (plânula) que irá fixar-se ao substrato e formar um novo pólipo ou uma nova colônia. A diversidade de ciclos de vida é notável nos hidróides, podendo haver vários graus de redução das fases de pólipo e de medusa, e até mesmo a total eliminação de uma ou outra.
As medusas de Pennaria disticha são pequenas (cerca de 1 mm de altura) e sua fase de vida livre é muito curta, durando de minutos a poucas horas. Liberam os gametas para o ambiente ainda presas aos pólipos ou logo após o seu desprendimento.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
Bouillon, J. Essai de Classification des Hydropolype-Hydroméduses (Hydrozoa - Cnidaria). Indo-Malayan Zoology,  v.1, p. 29-243. 1985.
Kelmo, F. & Gomes, R.C.T. Cnidários Estuarinos do Estado da Bahia. In: XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOLOGIA, 1998. Recife. Resumos, Recife: Sociedade Brasileira de Zoologia, 1998. p.9.
Ruppert,E.E. & Barnes, R.D. Zoologia dos Invertebrados, 6ª ed. Ed. Roca. São Paulo,SP.1996. 1028p.
Silveira, F.L. & Migotto, A.E. The variation of Halocordyle disticha (Cnidaria, Athecata) from the Brazilian Coast: an   Environmental Indicator Species? Hydrobiologia, v. 216/217, p. 437-442. 1991.
Thomas, M.B.; Edwards, N.C.; & Norris, T.A. Gastrulation in Halocordyle disticha (Hydrozoa, Athecata).                  International Journal of Invertebrate Reproduction and Development, v. 12, p. 91-102. 1987.

ELABORAÇÃO DESTA FICHA:
Alvaro Esteves Migotto (Centro de Biologia Marinha-USP), Solange Peixinho e a aluna Sandra dos Santos Lima (UFBA).
E-mail: aemigott@usp.br

AUTOR DA FOTO: Alvaro Esteves Migotto

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